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Lágrimas por São Paulo

junho 14, 2013

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Foto: Lost Art

Ontem, eu não estava no protesto. Eu não respirei o gás lacrimogêneo, mas as lágrimas teimaram em correr. Eu não estava em Sampa, não enfrentei bombas de efeito (i)moral, não enfrentei balas de borracha. Mas sinto um nó na garganta.

Ontem, correram lágrimas de tristeza, em solidariedade a amigos e desconhecidos que enfrentaram a nuvem da violência policial. Os tiros repressores de um Estado que não quer ser contestado. Um Estado (seja qual for o partido) que vem se tornando cada vez mais ditatorial. Dois partidos que são o mesmo, a esquerda e a direita que, na prática, vivem na arrogância de que devem continuar no poder e, de cima para baixo, ditar o que é para o bem da população. E o povo deve engolir a verdade.

E ontem, correram lágrimas de orgulho. Lágrimas que não consigo reprimir. Que não quero reprimir. Ontem o povo cuspiu de volta os abusos que vem sofrendo. Escorreram lágrimas de respeito pelas milhares de pessoas que se levantaram, que se colocaram frente ao Estado e disseram: não mais.

Minhas lágrimas agridoces são causadas pelo gás que não respirei. São obra da certeza de que não nos calaremos mais. De que, enfim, nos erguemos e que o Estado nos teme.

Em um momento não muito distante, aqueles que são a mão pesada do Estado irão se perguntar por que estão batendo em seus iguais. Irão para casa, após atirar uma bala de borracha em uma mãe, em uma criança, depois de atirar gás lacrimogêneo em um idoso dentro do próprio carro e não irão dormir. Pagarão a mesma tarifa da vergonha e entenderão. E então, o primeiro escudo irá cair, a primeira flor será aceita.

E nesse momento, venceremos.

Foto: Rodrigo Soares

Foto: Rodrigo Soares

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