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Não vivemos em Copenhague

outubro 26, 2011

Bike AnjoNum mundo ideal, o Bike Anjo não é necessário. Num mundo ideal, as ruas seriam seguras e completas: todos poderiam ir e vir sem se preocupar com os outros. Rotas de bicicleta seriam demarcadas no asfalto e nas placas. Calçadas seriam agradáveis aos pedestres e o transporte público seria eficiente, limpo e confiável.

O mundo ideal não é real. Ao menos ainda. Aliás, é tudo verdade quando dizem: não vivemos em Copenhague. Mas no passado, nem Copenhague era Copenhague. Foram necessários 30 anos de investimento na bicicleta, e políticas públicas focadas na mobilidade e que restringem o uso do automóvel para que a cidade das bicicletas se tornasse o que é.

Não somos Copenhague, mas somos muito parecidos com Bogotá. Não importa a cidade em que você esteja, somos mais próximos, tanto geográfica quanto culturalmente, dos nossos vizinhos colombianos do que dos dinamarqueses. E, por isso mesmo, há esperança. Cerca de 10 anos atrás, Bogotá era uma cidade que apresentava muitos dos problemas encontrados em Rio e São Paulo. Violência. Congestionamentos. Desrespeito ao pedestre. Mas, em mais ou menos 5 anos tudo mudou. Foram dois prefeitos (ou alcaides): Antanas Mockus e Enrique Peñalosa (confira a entrevista que eu fiz com ele aqui e aqui) e, em cerca de 6 anos, a cidade mudou completamente.

Hoje, Bogotá é uma cidade-modelo, como Curitiba foi nos anos 70/80.

Mas ainda não chegamos lá. Até porque, nos três casos citados (Copenhague, Bogotá e Curitiba), o principal agente de mudança foi o poder público. E, embora o Rio esteja em um caminho interessante, com a criação de Zonas 30, São Paulo continua muito atrás no quesito mobilidade.

Mas eu sou só 1!

Em Dezembro de 2010, um grupo formado por apenas 30 uns como você se reuniu e resolveu institucionalizar uma prática comum entre os ciclistas: o Bike Anjo. A ideia é simples: quando alguém quer começar a pedalar pela cidade, costuma ter dúvidas  em relação a qual bici comprar, como se portar na rua, quais caminhos fazer, entre outras. Ato contínuo, procura-se um amigo ou conhecido que já tenha essa prática. Mas nem todo mundo tem um amigo ou conhecido, e isso acabava atrapalhando o começo de muita gente.

Com a criação do Bike Anjo, qualquer pessoa só precisava acessar o site, escolher o tipo de ajuda que gostaria (sugestão de rota, acompanhamento ou aprender a pedalar) e esperar. Em breve, um voluntário se disponha a ajudar essa pessoa. A ideia fez sucesso e, logo, os voluntários já não davam conta de tantos pedidos de bike anjo. Já são mais de 300 pessoas atendidas por uma rede de 250 Bike Anjos em 26 cidades do Brasil! O projeto cresceu além-mar e chegou a Portugal, e outras cidades já têm interesse nessa ideia.

Só que o maior gargalo da iniciativa estava no processo de ligar o anjo ao interessado, processo que é feito na unha e exige cuidado. Por isso, o grupo se reuniu e criou um projeto no Catarse que, entre outras coisas, pretende ajudar a financiar uma ferramenta que faça esse link mais rapidamente, o que tem o potencial de ajudar muito mais gente.

PRA QUE VAI SERVIR ESSA GRANA?

Do recurso solicitado (R$17.500) , 12% fica para a manutenção da plataforma, sendo 5% para a operadora de crédito. Restam R$15.400, sendo que eles incluem os gastos com as recompensas, estimados em R$4.000. Com isso, sobra R$11.400, que é o recurso que será utilizado para o financiamento do sistema automatizado e das ferramentas web, além de auxiliar na estrutura do Bike Anjo para outras ações.

Num mundo ideal, não precisaríamos do Bike Anjo.

E nós torcemos para que ele não seja necessário em 5 anos. Mas hoje, essa iniciativa é a nossa forma, como sociedade, de tentar deixar nossas cidades mais parecidas com Bogotá ou Copenhague. E você pode ser mais um a ajudar. Para isso basta:

– Doar o quanto puder por meio da plataforma do Catarse até Sábado, às 14h!

– Divulgar, em suas redes, o projeto e o link do Catarse: http://bit.ly/apoiebikeanjo

Metade da grana já foi arrecadada, mas se todo o dinheiro não for doado, o valor não chega até o projeto: ele volta para os doadores.

Então vamos lá. Faça sua parte para criar cidades mais humanas. Eu já doei!


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