Copinho Lunar

Imagem cortesia de katutaide via Flickr

Este é o primeiro post da Jeanne Callegari, jornalista que escreveu esta excelente matéria sobre bicicleta em Sampa para a Revista Época e que quer colaborar aqui no blog sempre que possível. O texto inaugural é um teste/resenha do Moon Cup, um dispositivo que, pelos motivos óbvios, eu nunca poderia testar.

Confiram!
Vitor Leal

De início, ele pareceu medonho. De início, pareceu que não ia funcionar, que ia vazar, que ia machucar.

Estou falando do meu Moon Cup, o copinho menstrual. A ideia do produto é recolher o fluxo em uma espécie de copinho, que pode ser lavado e reutilizado por anos e anos a fio.

Eu o descobri há algum tempo, no blog da Thais Saito. Picada pelo bichinho da sustentabilidade e odiando a ideia de descartar, todos os meses, uma dezena de absorventes, estava à procura de algum sistema mais ecológico, com menos desperdício. No blog da Thais, descobri alternativas, como o absorvente de pano e as esponjas. Mas a opção que mais me interessou foram os copinhos.

Segui a dica da Thais e encomendei o Moon Cup. Nova versão do The Keeper, que era feito de látex e causava alergia em algumas mulheres, o Moon Cup é feito de silicone e portanto não causa, ou não deve causar, reações alérgicas. Como ainda não estão disponíveis no Brasil, encomendei pelo site do fabricante. O preço pareceu salgado: na época, paguei 35 dólares mais 2 de postagem. Considerando, porém, que a ideia era usar por bastante tempo, achei que valia o investimento, e que o custo seria diluído ao longo dos meses.

Isso, é claro, se a coisa funcionasse. Pois ele parecia grande, estranho e com muito jeito de que ia fazer uma lambança danada.

Semana passada, eu o testei pela primeira vez. E não é que o danado se saiu bem? Primeiro, é preciso pegar a manha de colocar; tem que apertar, dobrar ao meio e só então inserir. Para quem já está acostumada com absorventes internos, não é muito difícil pegar o jeito. E uma vez que você aprende, ele não vaza. Sim, é surpreendente. Não vaza mesmo. Mesmo depois de 35 km pedalando.

Para esvaziar, você tira o copinho, lava na pia, com água corrente, e pronto: só colocar de volta. Lavou, tá novo. Para guardar, a instrução é passar água com um pouco de sabonete, esperar secar ao ar livre e guardar na embalagem original.

E quanto ao conforto? Bom, dependendo da posição, você percebe que ele está lá. Mas isso não chega a ser um problema grave; é questão de jeito e costume. Normalmente, ajustá-lo na posição correta, mais distante da entrada da vagina, deve resolver.

Já o cabinho, aquela pontinha que fica pra fora e faz as vezes da cordinha do o.b., incomoda, é meio comprido demais. Mas é possível cortar um pedacinho, e aí então tudo fica perfeito. Só não dá para cortar tudo, senão depois fica difícil retirar o bichinho. (Imagino que a tecnologia do cabinho deva melhorar com o tempo: alguma coisa mais macia, ou arrendondada, deve surgir. Por enquanto, cortar resolve.)

E aí está. Sem muito segredo: funciona. Vale a pena. Dá pra gerir a menstruação sem gastar materiais descartáveis todo mês, e, melhor, sem recorrer à toalhinha do tempo da vovó. É o absorvente do futuro. Só falta alguém ter a sacada de trazer isso para o Brasil.

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Além do Moon Cup, que você encontra neste link, também há outra versão, chamado Diva Cup (vamos combinar? Não há nome melhor que esse).

UPDATE: Para resolver as diversas dúvidas que surgiram nos comentários, criamos um post novo, com um FAQ dos coletores Menstruais. Confiram aqui.
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